Federação quer maior transparência contratual no futebol nacional e fixa remuneração-base inédita para proteger treinadores.
A Federação Angolana de Futebol (FAF) deu hoje, 11, um passo considerado histórico na valorização e regulação da carreira de treinador em Angola, ao anunciar que todos os contratos celebrados entre clubes e treinadores passarão a ser obrigatoriamente analisados, validados e selados pela Federação, antes de produzirem efeitos.
A medida, segundo o presidente da FAF, Alves Simões, visa garantir maior legalidade, segurança jurídica e respeito pelas condições contratuais da classe técnica, frequentemente exposta a rescisões unilaterais, falta de pagamentos e vínculos precários.
O anúncio foi feito em ambiente de euforia, durante uma reunião que contou com representantes dos clubes e treinadores, e onde foi igualmente revelado que o salário mínimo da classe passará a ser fixado em três vezes o salário mínimo nacional, elevando substancialmente o patamar de entrada na profissão.
“Trata-se de um compromisso com a dignificação da função técnica e com a profissionalização real do nosso futebol. Um treinador não pode ser tratado como um improviso,” afirmou Alves Simões, sob fortes aplausos.
A partir da nova directiva, nenhum contrato entre treinador e clube será considerado válido sem o visto e o selo da FAF, o que representa uma mudança profunda no modelo informal que vinha sendo praticado até então, muitas vezes à margem da lei ou sem condições mínimas.
Segundo fontes da própria federação, muitos contratos firmados no passado nem sequer eram registados formalmente, o que facilitava litígios, salários em atraso e demissões arbitrárias.
A fixação de um salário mínimo três vezes superior ao salário mínimo nacional surge como um gesto de valorização da carreira, mas também impõe maior responsabilidade financeira aos clubes, que agora terão de ajustar os seus orçamentos e demonstrar capacidade real de sustentar equipas técnicas.
“É um passo audacioso, mas necessário. Temos de parar de aceitar clubes que contratam por três meses e demitem ao primeiro empate,” comentou um treinador presente no encontro.
A FAF promete ainda criar um mecanismo de monitoramento dos vínculos contratuais, bem como sanções administrativas para os clubes que não respeitarem as novas exigências.
Esta medida é vista como um primeiro passo rumo à profissionalização do futebol nacional, e poderá servir de modelo para outras federações desportivas no país.
Correio da Kianda