Depois dos incidentes que se registaram na segunda-feira, 28, bem como no dia seguinte, há uma sensação de medo nos bairros, face à incerteza sobre o que pode ocorrer nesta quarta-feira, que, em termos teóricos, é o último dos três dias da greve convocada pela ANATA.
Contrariamente ao que muitos aventavam de que a terça-feira seria calma, depois de uma segunda-feira de caos, o dia ficou marcado por actos de vandalização e saques em vários pontos da capital.
Diferente do que ocorreu inicialmente na segunda-feira – o primeiro dia da greve, em que várias pessoas tentavam apenas impedir que houvesse viaturas em serviço de táxi a circular, ontem, ao que o Correio da Kianda constatou, muitos cidadãos puseram-se à rua pura e simplesmente para saquear.
Por exemplo, os operacionais da polícia destacados na Avenida Ngola Kiluange, trajecto Cuca – São Paulo, tiveram que dispersar por várias vezes os jovens manifestantes, que aparentemente pretendiam adentrar ao Supermercado Angomart, um imponente complexo comercial.
Em diversos municípios foram vandalizados e saqueados vários supermercados, inclusive pequenas lojas e cantinas. Há também relatos de mortes por disparos alegadamente feitos pelos agentes da polícia.
Entretanto, em diferentes segmentos teme-se que esses eventos venham a se estender para lá desta quarta-feira.
“Entraram [manifestantes] cá no bairro com a intenção de arrombar as cantinas, mas como eram poucos, os jovens daqui conseguiram expulsá-los”, contou Mónica Pinto, moradora do bairro Lixeira, no Sambizanga.
À semelhança de muitos outros jovens, Mónica disse entender o significado desses protestos, mas não deixou de manifestar não só o seu desagrado, como também temor sobre qual deverá ser o próximo alvo quando já não haver mais supermercados para saquear.
No Cazenga, Rangel e Ingombota a sensação é a mesma, e apela-se a um pronunciamento urgente do Presidente da República João Lourenço.
Fonte: Correio da Kianda